Copo, taça ou caneca de cerveja? Veja a seguir as dicas dos especialistas da TodoVino, loja online de vinhos, cervejas e destilados sobre um assunto que movimenta os apaixonados por uma boa cerveja.
O tema é polêmico, já fica o alerta, mas um copo ou taça adequado pode ajudar qualquer apaixonado por cervejas a ter a melhor experiência com a bebida, em especial com as versões artesanais.
Desde os primeiros traços do consumo das cervejas pelo homem, perto do ano 5.000 a.C., diversos materiais já foram utilizados para seu consumo: jarras de terracota pelos sumérios, recipientes de couro eram populares na Era Medieval, canecas de madeira pelos ingleses e de cerâmica pelos alemães, até chegar à produção industrial do vidro, no século XVII. A incorporação do óxido de chumbo na produção do vidro permitiu melhor moldagem e transparência, mantendo-se inerte. Assim se tornou o melhor material para confecção dos copos. O raciocínio lógico que existem dezenas de estilos de cervejas nos conduz facilmente à conclusão que, em um sentido purista, há um copo mais indicado para cada tipo. E aqui o bom senso deve ser a principal diretriz para que um apreciador de cervejas não precise montar um arsenal de dezenas de formatos de copos e taças para só então conseguir usufruir do principal, a sua cerveja.
Traçada esta linha tênue entre ser criterioso sem se tornar um chato, a melhor forma para saber quais modelos vale a pena ter em seu armário é explicando os porquês dos formatos de alguns dos principais copos para cervejas.
Lager – formato largamente utilizado para a família das cervejas Lagers, entre elas as pilsen ou pilsner. Neste caso de cervejas mais leves e menos aromáticas, o primeiro objetivo é manter a temperatura fresca. Sua base estreita faz com que a área tocada pela mãos do bebedor seja menor e impacte de forma mais sutil no aquecimento da cerveja. O topo do copo se mantém estreito para estabilizar a formação do “colarinho” (o que diminui o ritmo de oxidação da bebida) e concentrar a percepção dos aromas.
Pint – o copo que nasceu a partir de uma medida: 568 ml na Inglaterra (equivalente à 20 onças fluídas no sistema imperial inglês) e 473 ml nos Estados Unidos. É facilmente associado às Stouts inglesas ou Ales no geral. A boca ampla permite que a cerveja facilmente se espalhe pela boca, facilitando a percepção da estrutura e dos aromas.
Weizen – o alto e longilíneo copo dedicado às cervejas de trigo possuem capacidade de uma garrafa deste tipo de bebida (500 ml). Isto garante que os fermentos depositados no fundo da garrafa sejam homogeneizados uniformemente no copo. Seu bocal mais amplo em relação à base potencializa sua exuberância aromática.
Tulipa – o versátil modelo possui pequena haste na parte de baixo, o que coloca a mão bastante próxima ao bojo do copo (o leve calor aumenta a expressão dos aromas). Este, por sua vez, é bastante largo e se afunila em seguida, para então se abrir novamente próximo do topo. O formato permite boa volatilização dos aromas e a parte afunilada ajuda na estabilização da espuma. O bocal aberto facilita que cerveja toque toda a superfície da boca de forma uniforme e amplie as percepções de sabor. Formato indicado especialmente para as complexas Ales belgas. A taça Snifter tem formato parecido e é um pouco menor, sendo mais indicada para Stouts, Dark Ales e Barley Wine.
Goblet – o formato lembra um humilde cálice, com pequena haste e abertura uniforme que leva a um bocal bastante aberto. Indicado para cervejas com boa potência aromática e estrutura, como as Trapistas e de Abadia. As taças Bolleke e Trapista têm formatos parecidos e mesma funcionalidade.
Flûte – no mundo do vinho a taça que emula o forma de flauta já foi idolatrada e agora é odiada. A razão é bastante simples: embora seu formato estreito permita boa observação dos fios das borbulhas e os mantêm por mais tempo, a percepção aromática é reduzida pela pouca superfície do líquido e o fluxo fica muito concentrado no centro da língua, onde percebemos poucos sabores.
Vale lembrar para se evitar o uso excessivo de detergente nas lavagens das taças, pois pode inibir a formação da espuma da cerveja. Enxágue com atenção dobrada e não seque a taça de ponta cabeça, pois a água retida deixará um cheiro residual no copo. A mesma lógica vale para não se gelar a taça, pois assim evitamos que ela fique impregnada com outros aromas. Apenas a bebida na temperatura certa é suficiente para a melhor apreciação.